Memória da Escravização: evento no CCJF, em 19/11, inclui palestras, lançamento de livro e abertura de exposição

Os números guardam uma página triste da nossa história: o Brasil foi o país das Américas que mais recebeu africanos(as) escravizados(as). Aproximadamente 40% de pessoas foram trazidas ao território brasileiro para trabalharem forçadamente e em condições desumanas. Para preservar a memória da escravização, o Centro de Estudos Judiciários do Conselho da Justiça Federal (CEJ/CJF) promoverá - no 19 de novembro, das 14h às 18h, no Centro Cultural Justiça Federal (CCJF) - um evento que inclui palestra e aula magna, além do lançamento do livro e abertura da exposição "Valongo: Justiça pela Memória do Cais". As inscrições para o encontro podem ser feitas até 14 de novembro pelo formulário eletrônico disponível no Portal do CJF.  
 
A iniciativa, que pretende reunir representantes de instituições do sistema de Justiça, pesquisadores(as), estudantes e demais interessados(as), tem como objetivo a reflexão e o debate sobre o impacto do Protocolo para Julgamento com Perspectiva Racial e sua aplicabilidade. O encontro busca, ainda, auxiliar a compreensão, de forma diversa e aprofundada, sobre o papel da Justiça Federal na preservação da memória e na garantia da reparação histórica.
 
Palestras, livro e exposição
 
A abertura do evento acontece com a palestra “O impacto do Protocolo para Julgamento com Perspectiva Racial na Efetividade da Justiça", a ser também ministrada pela juíza federal da SJRJ, dra. Adriana Cruz. A magistrada ressaltou a importância do documento. “O Protocolo de Julgamento com Perspectiva Racial nos convoca, enquanto magistratura e integrantes do sistema de justiça, a reconhecer e enfrentar os vieses cognitivos que podem reproduzir discriminações. Ele nos oferece ferramentas para compreender como as desigualdades raciais estruturam as relações jurídicas — sob o aspecto fático e normativo — e, ao fazê-lo, abre caminhos para construirmos um espaço de Justiça onde todas as pessoas se sintam pertencentes, respeitadas e bem-vindas a apresentar suas demandas”, explicou. Dando sequência ao evento, a partir das 16h30, será ministrada a conferência “Escravização: o papel da Justiça Federal na preservação da memória e garantia de reparação histórica”.       
 
O lançamento do livro e a abertura da exposição "Valongo: Justiça pela Memória do Cais" encerram a programação. O projeto foi idealizado pela Assessoria de Comunicação Social do Conselho da Justiça Federal (ASCOM/CJF), a partir de uma decisão, oriunda da 20ª Vara Federal do Rio de Janeiro, referente à conservação e promoção do sítio arqueológico do Cais do Valongo. O material produzido oferece uma leitura artística e sensível, reafirmando o direito à memória como parte indissociável da dignidade humana. A iniciativa evidencia o compromisso de proteger o patrimônio cultural e manter viva a memória daquele que foi o maior porto de chegada de africanos escravizados nas Américas, reconhecido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) como Patrimônio Mundial da Humanidade.
 
A assessora da ASCOM/CJF, Ana Cristina Rosa, destacou que o objetivo principal do projeto é dar visibilidade ao período que marcou, para sempre, a história do Brasil. “A Justiça Federal desempenha papel crucial no combate ao racismo e na busca por reparação história. O Poder Judiciário, aliado às demais instituições e à sociedade civil, é peça-chave na preservação, disseminação e manutenção da história da escravização no Brasil e no enfrentamento de suas consequências nefastas, que afetam a maioria da população brasileira até os dias atuais”, comentou. Além do livro e da exposição – que ficará aberta ao público no período de 20 de novembro a 19 de dezembro – o projeto "Valongo: Justiça pela Memória do Cais" contempla um podcast com três episódios, 12 cartões postais e um hotsite, concebidos e elaborados pela equipe da ASCOM/CJF.
 
 

Programação, dia 19/11, no CCJF

14h – Credenciamento
14h30 – Abertura do evento
15h - Palestra “O impacto do Protocolo para Julgamento com Perspectiva Racial na efetividade da Justiça”, proferida pela juíza federal Adriana Cruz (TRF2) e pelo advogado Hédio Silva Jr.
16h30 – Aula magna “Escravização: o papel da Justiça Federal na preservação da memória e garantia de reparação histórica”, ministrada pela professora Thula Pires (Departamento de Direito-PUC/RJ) e pela historiadora Ynaê Lopes dos Santos (Departamento de História-UFF)
18h – Lançamento do livro e abertura da exposição “Valongo – Justiça pela Memória do Cais”, na galeria Cela do CCJF
 
O CCJF situa-se na Cinelândia - Av. Rio Branco, 241, Centro – Rio de Janeiro.

*Com informações do CJF