Entrevista: desembargador federal Firly Nascimento

“Como diretor do Foro da Seção Judiciária do Rio de Janeiro eu tive a oportunidade de realizar visitas aos juízos, acompanhando o então corregedor regional da Justiça Federal da 2ª Região, desembargador federal Theophilo Antonio Miguel. Assumindo esta função, pretendo adotar tal prática, com o propósito de ouvir as magistradas e os magistrados, para identificar seus pleitos, necessidades, propostas, boas práticas e eventuais dificuldades. Entendo que isso seja essencial para que a Corregedoria efetivamente possa contribuir para a organização e o aperfeiçoamento do primeiro grau de jurisdição”.

Com essa fala, o corregedor regional da Justiça Federal para o biênio 2025-2027 resume qual será o norte da sua gestão, que terá início em abril. O desembargador federal Firly Nascimento Filho afirma que sua atuação será no sentido da continuidade do trabalho desenvolvido por suas predecessoras e predecessores no cargo, e que tem a expectativa de contar com o apoio dos colegas de toga da primeira instância em prol do aperfeiçoamento dos serviços prestados à sociedade.

“Nós temos juízas e juízes excelentes atuando na 2ª Região e problemas pontuais que tenham ocorrido foram sempre rapidamente solucionados pelos desembargadores e desembargadoras que me precederam no cargo”, pontuou. “Nossa gestão será pautada no diálogo com todas e todos”, concluiu.

O corregedor eleito destacou como um dos pontos positivos do cenário atual da magistratura o gradual aumento do número de mulheres na carreira que, disse, concorre para elevar a qualidade dos serviços entregues à população.

“Esse é um movimento da contemporaneidade que já ocorre há alguns anos. É fato que as mulheres, desde a graduação, destacam-se por serem mais organizadas, e mesmo mais estudiosas que os homens. Isso se reflete hoje nos concursos da área jurídica, nos quais elas tem sobressaído”, observou.

Firly Nascimento Filho chama atenção para os benefícios trazidos pela interiorização da Justiça Federal da 2ª Região nas últimas décadas e para a incorporação de novos recursos tecnológicos aplicados à atividade judicial, que ganharam um importante impulso a partir da pandemia de Covid-19.

Para ele, esses são fatores que ampliam e facilitam o acesso à jurisdição, inclusive dispensando o deslocamento até as unidades judiciais. Mas alerta que é preciso estar atento à situação das pessoas vulneráveis, que sofrem com a exclusão digital e se encontram em localidades distantes de bases da Justiça Federal.

“Nós não podemos prescindir totalmente de estruturas físicas, é claro, até por conta das necessidades de perícias médicas para a instrução dos processos que, aliás, estão entre os mais urgentes. Esse é o caso, por exemplo, daqueles relacionados aos benefícios previdenciários”, ponderou.