Última aula do Curso de Formação de Conciliadores Judiciais reforça a importância da comunicação durante as audiências

Na quinta-feira (24/4), aconteceu o último encontro presencial do Curso de Formação de Conciliadores Judiciais, organizado pela Escola de Mediação da 2ª Região, no auditório da sede do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2), no Rio de Janeiro. Com o tema “Técnicas de Negociação, Comunicação e Percepção da Realidade”, a aula foi ministrada pelas juízas federais convocadas em auxílio ao Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos (NPSC2), Cristiane Conde Chmatalik e Karina de Oliveira e Silva Santiago, e teve objetivo de recapitular temas que já foram trabalhados ao longo do curso. 

As magistradas enfatizaram a relevância da escuta ativa, empatia, imparcialidade e capacidade de observar comportamentos e emoções das partes, qualidades desejáveis de um bom conciliador. A juíza federal Karina Santiago destacou a necessidade de evitar julgamentos antecipados. “Precisamos entrar na audiência como uma folha em branco, prontos para ouvir, entender os interesses das partes e construir um caminho juntos. Isso exige deixar de lado qualquer ideia pré-formada”, disse.

As instrutoras reforçaram que o uso de linguagem simples e de uma comunicação clara e acessível contribuem para o fortalecimento do diálogo com os participantes. Elas também tiraram dúvidas a respeito do papel desempenhado pela conciliação na justiça. “Existe um conceito equivocado que diz que a mediação e a conciliação são métodos alternativos a fim de extinguir processos. Não é isso. O que propomos é a busca da forma mais adequada de resolução para o caso concreto e, às vezes, a melhor solução é a conciliação e a mediação”, salientou a juíza federal Cristiane Conde Chmatalik.

Alunos destacam aprendizado adquirido no curso

Durante o encontro, os cursistas participaram de atividade prática voltada à aplicação de técnicas abordadas ao longo da formação, oportunidade para aprofundar aspectos fundamentais das audiências de conciliação, como a identificação de questões, interesses e emoções das partes envolvidas. O encerramento da aula foi marcado por um clima de gratidão e conquista entre os participantes que concluíram essa importante jornada de conhecimento. 

Após emocionar os colegas com leitura de texto no encerramento da aula, Vânia Cristina Braga Amarante Correa, que atua no comércio varejista no município de Araruama, compartilhou sua experiência com a conciliação. “O curso me ensinou a ouvir atentamente as necessidades e preocupações do outro. Primeiro, eu apliquei as técnicas em mim com intuito de transformar outras vidas e isso gerou uma mudança de postura permitindo a melhoria da comunicação dentro da minha casa, comentou. 

O professor de Direito José Alfredo dos Santos Júnior refletiu sobre os impactos mais amplos do aprendizado. “Percebi o quanto os métodos consensuais de resolução de conflitos contribuem imensamente para a democracia e a justiça social, especialmente por darem espaço à participação de ‘vozes’ minoritárias da nossa sociedade. Aprendi também que o objetivo da pacificação social somente se realiza com justiça material no caso concreto, e que talvez tenhamos que pensar em outros esquemas capazes de reduzir a nossa imensa conflituosidade social”, pontuou. 

Moradora de Bom Jesus do Itabapoana, localizada a cerca de 300 quilômetros da cidade do Rio de Janeiro, Thaís Costa Furtado, técnica judiciária da Vara Federal Única de Itaperuna, falou sobre o esforço pessoal envolvido na capacitação. “Concluir o curso foi uma experiência desafiadora e a trajetória até aqui foi incrível, desde as aulas presenciais até as atividades propostas. Além do crescimento profissional, também pude experimentar uma evolução na minha vida pessoal”. O mesmo sentimento foi compartilhado por sua colega, a também servidora da Vara Federal Única de Itaperuna Elaine Batista Motta Brandão. “Fui impactada com o conteúdo do curso, com a relação com os colegas de turma e com os professores, que transmitiram conhecimentos preciosos que levarei para minha atividade como conciliadora”, concluiu. 

A parte teórica do curso será finalizada no dia 28/4 com a entrega da atividade relacionada à Unidade VI que consiste no planejamento da sessão de conciliação incluindo as fases, ferramentas e técnicas que podem ser aplicadas.  

Sobre o curso

​Destinado a servidores dos Centros Judiciários de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos (Cejuscs) e demais interessados, o curso de Formação de Conciliadores Judiciais segue as diretrizes do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e prepara os participantes para condução de sessões de conciliação. A formação capacita os alunos no uso de métodos não-adversariais para facilitar o diálogo e alcançar soluções satisfatórias para os conflitos. Além do conteúdo teórico disponibilizado na plataforma Moodle, os cursistas contam com aulas presenciais realizadas às quartas-feiras na sede do TRF2, no Centro do Rio de Janeiro.